O sentido mais profundo de um relacionamento amoroso é ser um material de aprendizado que te ensina a amar, a ser livre e a deixar o outro livre, e não nos manter em relações destrutivas.
Quando eu digo “ensinar a amar”, uso uma figura de linguagem, porque não é possível aprender a amar – o amor já existe, ele é a essência do ser. Mas a relação afetiva gera oportunidades para remover obstáculos que te impedem de amar.
Existem certas lições que você só pode aprender com suas relações amorosas, porque elas evidenciarão todas as suas carências, e também refletirão os relacionamentos amorosos de seus familiares. Trazendo tudo aquilo que não está bem resolvido dentro da sua história familiar.
Todo seu passado e o da sua família, de seus pais, avós, bisavós, é reativado na relação amorosa que você vivência para que você tenha a chance de integrá-lo, de curar essas relações familiares que ainda estão, de alguma forma, causando dor no seu sistema.
Embora o relacionamento amoroso seja um poderoso instrumento de aprendizado e de cura, ele pode também te levar a comodidade. Nesse sentindo, você pode estar apenas repetindo determinados padrões familiares que são destrutivos (apegos, disputas, projeções, medos) e andando em círculos, deixando de se expandir e crescer.
É preciso discernimento e sabedoria para identificar quando isso ocorre. O objetivo maior de um relacionamento amoroso é manter a positividade. É manter a conexão da libido e da energia vibracional num encontro de dois fluxos positivos. Esse encontro só é possível se existir o equilíbrio entre amor e liberdade.
Esse equilíbrio requer certa maturidade, flexibilidade, uma compreensão e inclinação para deixar o outro livre – livre até mesmo para não te amar se ele não quiser. Isso será como um despertar espiritual.
Você só desperta quando supera a carência afetiva, ou seja, quando se liberta da insegurança, do ciúme e do sentimento de posse. Assim é possível ser livre e deixar o outro livre. Dessa forma, o relacionamento pode se tornar um remédio para a carência.
Dependendo da intensidade da carência, você permanece um tempo determinado dentro de uma relação ou às vezes precisa ficar sozinho. Não tem uma receita. Isso tem que ser sentido por você – o que você está carecendo no momento. É um grande desafio conseguir perceber nossa própria necessidade pois ficamos cegos pela carência.
Você pode estar precisando ficar um tempo sozinho, mas sua carência está tão grande que você não quer nem parar para pensar se a relação em que você está tem te feito crescer ou se dentro dela, você está paralisado, andando em círculos, machucando e sendo machucado.
Quando a relação é destrutiva não há chances para crescer no amor, sendo assim é hora de olhar para dentro e ver o que é melhor para você. Analise o que te faz permanecer nesse relacionamento, normalmente é o medo, medo talvez você tenha de ficar sozinho, de não encontrar alguém melhor.
Tente ser honesto com você e com o outro.
Provavelmente, você mantém esse relacionamento para poder ter onde projetar suas fantasias. Vemos o outro em um relacionamento como uma tela em que projetamos nossos sonhos e quando ele quer deixar de ser essa tela ou quando você sente que não está mais conseguindo projetar seus sonhos nela, você acha que o outro mudou e não quer mais o relacionamento. O que acontece depois? Aguardamos ansiosamente o momento de encontrar outra tela para continuar projetando as nossas fantasias, os nossos sonhos.
Outras vezes, você mantém o seu sonho transformando do outro numa espécie de escravo para atender os seus desejos. Você faz o outro te amar da sua forma, porque acredita que se ele fizer do seu jeito, é porque ele te ama. Isso só mostra o quanto somos egoístas e temos dificuldades em amar o outro.
O que podemos fazer a respeito?
Sugiro que se você está com alguém, se questione:
- Por que estou nessa relação?
- O que me mantém aqui?
Seja honesto consigo mesmo. A verdade liberta. Se o que te mantém nessa relação é o amor verdadeiro ao outro como ele é e a liberdade que existe nesse amor é porque você está evoluindo o seu ser. Está crescendo dentro do programa constituído pela sua alma.
Se for assim, cuide dessa relação, foque no amor, no perdão, na liberdade e siga em frente. Saiba amar o próximo como ele é.
Mas se os motivos pelos quais você se mantem nessa relação são outros, como medo de ficar só, porque já estão juntos há muito tempo, porque é mais cômodo, entre outros, tenha coragem para olhar o que te prende nela.
Se liberte disso, você estará não só ajudando a si mesmo em seu processo de evolução, mas o outro também a seguir o caminho dele.