Nos relacionamentos amorosos, costumamos atrair pessoas parecidas conosco. Isso, porque precisamos nos harmonizar mutuamente, e com o tempo o(a) companheiro(a) torna-se um gatilho para as emoções negativas do outro.
Quando essas emoções são internalizadas, há a oportunidade de agir diferente, curando a emoção ou continuar como estamos.
Muitas vezes, a falta de conhecimento desse fato acarreta ao casal intensas crises. Quando as emoções negativas se afloram e as pessoas não têm consciência de que precisam se equilibrar, ocorre uma desordem que gera cobranças e perca de energia.
Temos a tendência de cobrar que o outro seja e se comporte como nós queremos. Ou seja, quero amar a outra pessoa desde que ela faça tudo o que eu quero.
Quando as pessoas escutam isso elas dizem: Eu? Eu não faço isso! Mas, a verdade é que todos nós fazemos. Sempre nos irritamos quando o outro age diferente do que imaginamos.
Se ele demora para arrumar, por exemplo, julgamos isso irritante e desnecessário. Mas, é o tempo do outro. É como ele escolheu ser. E temos muita dificuldade em aceitar isso.
Dessa forma, sentimos que a pessoa pela qual nos apaixonamos não é mais a mesma. Será que ela mudou ou será que você fantasiou que ela era você mesmo?
Quando nos apaixonamos só vemos aquilo que queremos ver no outro. E o que nos faz gostar de alguém são exatamente algumas características nossas, as quais identificamos no(a) companheiro(a).
E com o passar do tempo começamos a ver as características do outro que são só dele e isso nos incomoda pois estamos buscando nós mesmos no outro.
Dessa forma, a liberdade e a leveza do relacionamento se submergem, a energia desaba, e assim a relação adoece, onde a pessoa que cobra torna-se controlador e o(a) parceiro(a) é cobrado e repreendido o tempo todo.
Para compreender melhor, pense em um casal que moram juntos há muito tempo. Os dois trabalham. Ele chega do trabalho e precisa descarregar a energia num esporte. Ela não gosta de esporte e quer que o marido chegue e passe o tempo todo com ela, pois acha que eles ficam pouco tempo juntos.
Ele quer se distrair com os amigos, por pelo menos 2 horas. Ela, como não tem muitos amigos acha que o marido devia fazer igual, que essa atitude dele afasta os dois e logo pensa que ele não a ama mais e que ele pode estar com outra pessoa.
Então, aí começam as discussões e as emoções mais profundas vêm à tona: ela acha que ele deveria lhe dar mais atenção. Ela se sente desvalorizada pelo marido que só pensa nele mesmo. Ele acha que ela deveria se acalmar e entender que ele precisa fazer algo que ele goste para descarregar o estresse do dia-a-dia.
Mas, ela não suporta e não entende porque ele quer ser feliz sem ela, sendo que a mesma não precisa disso. Apenas a companhia dele basta. E pensa então que o está perdendo, que não está sendo suficiente para ele.
Passado um tempo discutindo sem chegar a um consenso, o casal se distancia emocionalmente, deixam de conversar sobre outros assuntos, e já não fazem muitas coisas juntos. Na maioria das vezes, ao dois se acusam e se culpam mutuamente por seu descontentamento.
O que seria mais indicado, nesse caso?
Ambos deveriam olhar para dentro, curar suas carências e falhas ao invés de projetá-las no outro, ou seja, sem transferir o encargo e culpar o parceiro. Aquilo que eu espero no outro posso preencher comigo mesmo.
A conclusão a que chegamos é que queremos que o outro preencha nossas próprias carências.
A mulher por não ter força para cuidar dela, ou achar que não tem tempo e que não precisa disso, deseja que o marido ocupe esse espaço na vida dela. Mas, quem deve fazer isso é ela mesma.
O marido, por não ter conhecimento dessa carência e não sentir ela, apenas culpa a esposa por esse comportamento e não sabe apoia-la para que ela encontre a felicidade em si mesma. E, normalmente, quando ela encontra, ele se incomoda. Pois, isso aciona uma carência dele, o medo de ser abandonado, ele começa a se perguntar o porquê da mudança. Ou não, se ele não tiver essa lacuna aceitará com tranquilidade.
Enfim, se fôssemos prolongar esse assunto escreveríamos várias e várias páginas.
Mas, o importante é tentarmos enxergar nossas lacunas. Se algo no outro nos incomoda é porque uma carência nossa foi acionada. Mas, qual delas? Aí, já é assunto para outro post…